Assembleia de Comarca: fevereiro 2010 Assembleia de Comarca

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

ADVOGADOS

PEDIDO DE EMPRÉSTIMO
Um advogado de Nova Orleães pediu um empréstimo em nome de um cliente que perdera a sua casa aquando do furacão Katrina e queria reconstrui-la.
Foi-lhe comunicado que o empréstimo seria concedido logo que ele pudesse apresentar o título de propriedade original da parcela da propriedade que estava a ser oferecida como garantia.
O advogado levou três meses para seguir a pista do título de propriedade datado de 1803.
Depois de enviar as informações para o Banco, recebeu a seguinte resposta:
"Após a análise do seu pedido de empréstimo, notámos que foi apresentada uma certidão do registo predial. Cumpre-nos elogiar a forma minuciosa do pedido, mas é preciso salientar que o senhor tem apenas o título de propriedade desde 1803. Para que a solicitação seja aprovada, será necessário apresentá-lo com o registo anterior a essa data. “·
Irritado, o advogado respondeu da seguinte forma:
"Recebemos a vossa carta respeitante ao processo nº.189156. Verificámos que os senhores desejam que seja apresentado o título de propriedade para além dos 194 anos abrangidos pelo presente registo. De facto, desconhecíamos que qualquer pessoa que fez a escolaridade neste país, particularmente aqueles que trabalham na área da propriedade, não soubesse que a Luisiana foi comprada pelos E.U. à França em 1803. Para esclarecimento dos desinformados burocratas desse Banco, informamos que o título da terra da Luisiana, antes de os E.U. terem a sua propriedade, foi obtida a partir da França, que a tinha adquirido por direito de conquista da Espanha. A terra entrou na posse da Espanha por direito de descoberta feita no ano 1492 por um capitão da marinha chamado Cristóvão Colombo, a quem havia sido concedido o privilégio de procurar uma nova rota para a Índia pela rainha Isabel de Espanha. A boa rainha Isabel, sendo uma mulher piedosa e quase tão cautelosa com os títulos de propriedade como o vosso Banco, tomou a precaução de garantir a bênção do Papa, ao mesmo tempo em que vendia as suas jóias para financiar a expedição de Colombo. Presentemente, o Papa - isso temos a certeza de que os senhores sabem - é o emissário de Jesus Cristo, o Filho de Deus, e Deus - é comummente aceite - criou este mundo. Portanto, creio que é seguro presumir que Deus também foi possuidor da região chamada Luisiana. Deus, portanto, seria o primitivo proprietário e as suas origens remontam a antes do início dos tempos, tanto quanto sabemos e o Banco também.
Esperamos que, para vossa inteira satisfação, os senhores consigam encontrar o pedido de crédito original feito por Deus.
Agora, que está tudo esclarecido, será que podemos ter o nosso empréstimo? Que diabo!"
O empréstimo foi concedido.



terça-feira, fevereiro 16, 2010

Advogados

Retalhos da vida de um advogado de província, verídicos e relatados na 1ª pessoa, pelo Sr. Dr. Prates Miguel, Il. Causídico da Região, no seu livro "Desaforos",recheado de pequenas histórias, algumas verdadeiramente hilariantes como, por exemplo, estas que se seguem e que espero contribuam para a boa-disposição de todos:

O RETRATO

Pelos meus apontamentos, corria o ano de 1988.

Há bem pouco tempo que o marido se finara e porque herdeiros menores havia, ela, viúva enlutada da cabeça aos pés (que até os brincos retirara aos lóbulos das orelhas agora cingidos pelo lenço preto...), balbuciava declarações de cabeça-de-casal no processo de Inventário Obrigatório.
Terminado o auto e restituindo-lhe o Bilhete de Identidade, o escrivão advertiu-a de que teria de ir renovar o documento uma vez que no mesmo constava como sendo casada e, afinal, agora já era viúva.
Para tanto, que se dirigisse ao Registo Civil e fosse portadora de fotografias suas, mas, atenção...a cores... porque agora com a CEE era obrigatório retrato colorido no cartão.
Ficou estarrecida.
E gemeu:
- Então, com o meu homem enterrado vai para dois meses, o Tribunal obriga-me a vestir de cor para tirar o retrato?! Deus me perdoe!

PERGUNTA PERTINENTE

Na sala de audiências à cunha, eram julgados por um crime hediondo, réus acusados de assalto a residência e homicídio de velhotes que a habitavam, em lugarejo próximo da vila.
A justiça contava com a ciência de três juízes e a consciência dos jurados seleccionados por sorteio entre os cidadãos recenseados e inscritos nos cadernos eleitorais das várias freguesias do concelho como era de Lei.
Terminadas as instâncias pelos advogados, o Presidente do Colectivo sempre incitava ao esclarecimento na outra bancada:
- Algum dos Senhores Jurados quer fazer perguntas?
Não. Durante horas e horas, por parte dos Jurados, sempre moita-carrasco!
Todavia, o juiz Presidente não desarmou no seu ritual escrupuloso e apelativo.
Cobriam-se as paredes fronteiras já de sombras precoces e o Magistrado insistia:
- Algum dos Senhores Jurados quer fazer perguntas?
Levantou-se então a camponesa, madura, Jurada por sorteio e toda a assistência conteve a respiração.
Sem papas na língua, aconchegando o lenço de ramagens floridas ao carrapito, escancarando os lábios à revelação do único dente incisivo pendurado no maxilar superior, assim falou:
- Eu quero perguntar quando é que isto acaba porque são quase horas da camioneta da carreira e depois já não tenho transporte para minha casa...

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